Parece que a Amazônia não detém só o potencial de salvar o ecosistema planetário, mas tambem o de salvar a produção musical da falência decretada pelo mp3. Saiu na web recentemente um livro em pdf organizado por Ronaldo Lemos e Oana Castro, dentre outros, chamado "Tecnobrega: O Pará Reinventando o Negócio da Música", que traz a tábua de salvação para os artistas que estão vendo suas carreiras irem para o ralo com a falência da industria fonográfica.
Que esta indústria está falida, ninguém com suas faculdades mentais intactas é capaz de questionar. Os números comprovam, sob qualquer ponto de vista que se analise a questão. Victor & Leo, o maior fenômeno pop da atualidade, não consegue nem de longe chegar na marca de um milhão de discos vendidos. O próprio rei Roberto Carlos, que sempre foi aposta ganha de antemão, não consegue mais atingir a marca.
O que a cena brega de Belém inventou não foi feito com intensões políticas nem ideológicas, mas sim como alternativa de sobrevivência cultural e financeira por parte dos envolvidos. De uma maneira simplificada, podemos dizer que negócio do tecnobrega funciona de acordo com o seguinte ciclo de realimentação, composto por sete etapas:
1) Os artistas gravam seus discos em estúdio - próprio ou de terceiros.
2) As melhores produções são levadas a reprodutores de larga escala ou camelôs.
3) Camelôs vendem os discos a preços compatíveis com a realidade local e os divulgam.
4) DJs tocam esses discos nas festas.
5) Os artistas são contratados para shows.
6) Nos shows, CDs e DVDs são gravados e vendidos.
7) Músicas e bandas fazem sucesso e realimentam o processo.
Esse modelo é extremamente funcional, tanto para os artistas quanto para o público, gerando fonte de renda para muita gente. Um estudo da FGV prova isso com números: cada ambulante vende em média 300 CDs e 200 DVDs por mês. A maior parte das vendas vem dos grandes reprodutores (cerca de 80%). No entanto, 17% das vendas vêm da reprodução própria - o que, baseado no volume total de discos vendidos em Belém e na região metropolitana, é um montante considerável na análise da geração de renda.
No caso específico da cena tecnobrega, pesa também a questão das festas de aparelhagem. Elas reúnem milhares de baladeiros que veneram as aparelhagens como se fossem astros. As gigantestescas paredes de caixas de som produzem um tsunami sonoro que literalmente faz o chão tremer. A cabine dos DJs, chamadas de Altar Sonoro, têm nomes sugestivos como Nave do Som ou Duplo Cyber Comando e são equipadas com a mais alta tecnologia de produção de efeitos sonoros e visuais. Todos a observam como se fossse uma banda tocando no palco.
As aparelhagens mais famosas hoje são a Tupinambá, Rubi, Ciclone e Super Pop. Como as festas costumam durar um fim de semana inteiro, como raves, acabam gerando procura por artistas tecnobregas e favorecem o surgimentos de novos grupos, fazendo com que a cena tenha um crescimento contínuo e, dessa forma, contribuindo de forma decisiva para o novo modelo de produção musical nascido na Amazônia.
Em termos de êxito comercial, a Banda Calypso é o expoente máximo dessa metodologia de trabalho no que podemos chamar de Método Chimbinha de Gerenciamento de Carreiras. A dupla Joelma e Chimbinha inventou uma nova maneira de se virar sem depender de gravadoras comerciais. Eles criaram seu próprio selo e começaram a vender seus discos a preços mais acessíveis - entre R$ 5 e R$10 - em supermercados populares, feiras, festas e locais frequentados por fãs potenciais. A estratégia deu certo e o resultado todos já constataram.
Quando falei que a Banda Calypso era a banda brasileira da década a primeira coluna aqui no BiS, muita gente me chamou de louco suicida, esquecendo-se de que além de serem os grandes divulgadores desse modelo que pode salvar a produção de música no país, Joelma e Chimbinha são os maiores vendedores de discos do Brasil. Outra opinião minha que costuma arrancar gargalhadas de quem é adepto do senso comum é que Victor & Leo deveriam dar um pé na bunda da Sony Music. Além de não precisarem da multinacional, serviriam de exemplo para disseminar essa revolução na produção musical também no sul do país.
Como conclui Hermano Viana no texto da orelha do livro: "Quem quiser pensar o futuro da música não pode ignorar as lições tecnobregas da Amazônia digital."
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Todos Somos Timóteo Pinto
Saturday, May 16, 2009
Wednesday, May 13, 2009
O funk, minha gente, é o futuro do movimento social
Por Ari Almeida & Marcelo Träsel
o bonde do tigrão vai anarquizar o bananão
Eu acho funk carioca o máximo.
Um bando de analfabetos funcionais miseráveis e sem o menor refinamento se junta, aprende a operar aparelhos até certo ponto sofisticados, apropria-se de peças da indústria cultural e avacalha com tudo, transformando-as em um batidão irresistível pontuado por letras que falam de suas próprias vidas. Cultura popular é isso aí.
Mais do que isso, estes jovens criam um mercado próprio para sua música, inventam festas que reforçam os laços comunitários — muito embora isso em geral envolva tomar posição contra outras comunidades — e criam um sistema de distribuição de renda e ascensão social próprio das favelas.
De acordo com reportagem da revista Carta Capital de 20 de abril, por Pedro Alexandre Sanches, não são raros os funkeiros que faturam mais de R$ 10 mil por mês. Além disso, sua música tem um sistema de distribuição independente de fato, passando longe das grandes gravadoras e até mesmo dos impostos cobrados pelo governo.
Os intelectuais de plantão, quando poderiam enxergar no funk a manifestação de uma imensa criatividade que, bem canalizada, poderia gerar música popular de excelente qualidade, preferem desqualificar o estilo com base em padrões eruditos. É óbvio que o funk é ruim. Difícil é esperar de excluídos semi-analfabetos que façam música que siga alto padrão, com a qual nunca tiveram contato.
Critica-se também a "mensagem" do funk. Mas ora, não se passou décadas exigindo uma cultura verdadeiramente popular no Brasil? Pois aí está ela. As letras falam da vida daquelas pessoas: assassinato e tráfico no horário comercial, sexo e drogas à noite para relaxar. Talvez algumas personalidades mais delicadas sintam nojo ao ver a falta de perspectivas daquela juventude exposta assim, nuazinha.
Assim como se chocam ao escutar meninas pedindo para serem "atoladas no cuzinho" ou coisa que o valha. Acham que isso mostra a exploração sofrida pela mulher nas rudes vielas onde mora a escória. Estranho não passar pela cabeça da gente de bem que elas possam realmente gostar disso e, na verdade, estejam levando o feminismo a um ponto mais alto, mostrando que podem encarar o sexo de maneira tanto quanto ou ainda mais fisiológica do que os homens.
O principal, no entanto, é que eles parecem estar se divertindo. E muito. No fundo, toda a grita contra o funk pode ser preconceito contra o fato de pobres estarem se divertindo. Da direita — porque, audácia! A ralé não tem o direito de se divertir! — ou da esquerda — porque eles deviam estar sofrendo com suas condições de vida subumanas e preparando a revolução, ou ao menos rendendo material para o Sebastião Salgado.
Acho o funk carioca o máximo não tanto como estilo musical — embora admita curtir um pancadão bem pegado em certos momentos —; acho o máximo mais como instituição. O funk, minha gente, é o futuro do movimento social.
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o bonde do tigrão vai anarquizar o bananão
Eu acho funk carioca o máximo.
Um bando de analfabetos funcionais miseráveis e sem o menor refinamento se junta, aprende a operar aparelhos até certo ponto sofisticados, apropria-se de peças da indústria cultural e avacalha com tudo, transformando-as em um batidão irresistível pontuado por letras que falam de suas próprias vidas. Cultura popular é isso aí.
Mais do que isso, estes jovens criam um mercado próprio para sua música, inventam festas que reforçam os laços comunitários — muito embora isso em geral envolva tomar posição contra outras comunidades — e criam um sistema de distribuição de renda e ascensão social próprio das favelas.
De acordo com reportagem da revista Carta Capital de 20 de abril, por Pedro Alexandre Sanches, não são raros os funkeiros que faturam mais de R$ 10 mil por mês. Além disso, sua música tem um sistema de distribuição independente de fato, passando longe das grandes gravadoras e até mesmo dos impostos cobrados pelo governo.
Os intelectuais de plantão, quando poderiam enxergar no funk a manifestação de uma imensa criatividade que, bem canalizada, poderia gerar música popular de excelente qualidade, preferem desqualificar o estilo com base em padrões eruditos. É óbvio que o funk é ruim. Difícil é esperar de excluídos semi-analfabetos que façam música que siga alto padrão, com a qual nunca tiveram contato.
Critica-se também a "mensagem" do funk. Mas ora, não se passou décadas exigindo uma cultura verdadeiramente popular no Brasil? Pois aí está ela. As letras falam da vida daquelas pessoas: assassinato e tráfico no horário comercial, sexo e drogas à noite para relaxar. Talvez algumas personalidades mais delicadas sintam nojo ao ver a falta de perspectivas daquela juventude exposta assim, nuazinha.
Assim como se chocam ao escutar meninas pedindo para serem "atoladas no cuzinho" ou coisa que o valha. Acham que isso mostra a exploração sofrida pela mulher nas rudes vielas onde mora a escória. Estranho não passar pela cabeça da gente de bem que elas possam realmente gostar disso e, na verdade, estejam levando o feminismo a um ponto mais alto, mostrando que podem encarar o sexo de maneira tanto quanto ou ainda mais fisiológica do que os homens.
O principal, no entanto, é que eles parecem estar se divertindo. E muito. No fundo, toda a grita contra o funk pode ser preconceito contra o fato de pobres estarem se divertindo. Da direita — porque, audácia! A ralé não tem o direito de se divertir! — ou da esquerda — porque eles deviam estar sofrendo com suas condições de vida subumanas e preparando a revolução, ou ao menos rendendo material para o Sebastião Salgado.
Acho o funk carioca o máximo não tanto como estilo musical — embora admita curtir um pancadão bem pegado em certos momentos —; acho o máximo mais como instituição. O funk, minha gente, é o futuro do movimento social.
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Wednesday, May 06, 2009
Pirataria legal
Gustavo CDs. Henrique CDs. Rodolfo CDs. Quem escuta os discos ao vivo das bandas do nordeste está habituado a ouvir esses nomes. Trata-se do sujeito que grava o show e que no dia seguinte colocará à venda o CD com a apresentação, de modo que o fã possa continuar se emocionando no conforto de seu lar.
Essa tradição é antiga. Ainda nos anos 90, Chiquinho da Discofran de Viçosa (CE) fazia suas gravações e as lançava em vinil. Com a chegada do CD e o consequente barateamento da gravação e reprodução, a moda pegou. Hoje em dia, praticamente todos os shows são gravados, no que pode ser classificado como institucionalização da pirataria, apesar de muitos não se considerarem pirateiros, mas divulgadores. Tanto que não é preciso pagar nada para a banda, basta um OK do dono da casa de shows e dos artistas.
Enquanto um Biquini Cavadão leva uma carreira inteira para lançar um disco ao vivo repleto de equívocos, os Aviões do Forró têm mais de duzentos "ao vivos" para download em sua comunidade no Orkut, todos relevantes, pois raramente o grupo repete músicas em seus shows. E a qualidade das gravações é surpreendente. Segundo Rodolfo Cezar, de Fortaleza, ela não depende apenas de quem grava. "Digo isso por experiência própria. O som da festa influi muito." Mas na grande maioria dos casos, a relação custo-benefício é satisfatória.
Como esse mercado está em plena ascensão, foi criada a Associação dos Gravadores, que exige um mínimo de dois anos de experiência e comprovação da qualidade das gravações. Gustavo Parente, de Salgueiro, Pernambuco, explica a importância da criação desse orgão. "O esquema foi criado a partir de uma discussão na comunidade 'Rede Forrozão N.1'. Com o gigantesco aumento das pessoas que se dizem gravadoras, os 'fulanos cds' que trabalham com profissionalismo se sentiram prejudicados por essa máfia nascida no Orkut. Sem um pingo de noção de áudio, esses caras se humilham só para ganharem alguns alôs durante o show e se acharem 'os estourados'." De acordo com a Associação, se o gravador for cadastrado, a qualidade é garantida.
Com a chegada do Orkut e a consolidação das redes sociais no Brasil, a distribuição das gravações deu um salto enorme. Os gravadores têm suas próprias comunidades, onde são tratados como autênticas celebridades, com direito a fãs e admiradores. A maioria dos gravadores da nova geração começou a trabalhar com isso em busca de fama, para ouvirem seus nomes nos shows e conquistar o prestígio dos amigos, para depois se profissionalizarem.
Convém frisar que esse hábito ainda está circunscrito ao norte do país. Quando artistas do sul vão se apresentar lá, não costumam permitir as gravações, com o velha e batido argumento da quebra de direitos autorais. Além de não evitar a pirataria, essa atitude burra impede os fãs de desfrutarem de performances únicas, que costumam ser feitas em momentos de especial inspiração.
Além da vantagem óbvia de usar a pirataria como divulgação, as bandas saem ganhando também na questão do teste de repertório. Todo artista sabe que no primeiro disco a escolha das músicas costuma ser mais fácil, porque a banda vem de um intenso período de shows e já sabe de antemão as músicas preferidas do público. A chamada "síndrome do segundo disco", que muitas bandas de rock enfrentam, deriva dessa deficiência do teste ao vivo.
Ao disponibilizarem seus shows em CDs que são vendidos logo após a apresentação, o teste do repertório ao vivo continua vai além do show. E ainda há o efeito multiplicador de que, além da pessoa que adquiriu a cópia, outras pessoas ouvirão as músicas e banda ganha um feedback perfeito. Tão perfeito que ao entrar no estúdio para gravar o próximo disco oficial, já sabe qual o setlist preferido pelos fãs.
No final todo mundo sai ganhando. Artista, vendedor de CD e público. É o tipo da coisa que dá certo quando se tem uma atitude pragmática e respeito mútuo entre produtor e consumidor, pois no final das contas, são pessoas lidando com pessoas. É como Victor, da dupla Victor & Leo, afirmou em entrevista recente: "Não enxergamos fãs, enxergamos pessoas e cada pessoa tem sua história de vida, suas vitórias, seus traumas, suas virtudes. Quando estamos diante de uma multidão, sabemos que cada pessoa ali pagou um ingresso para nos assistir, se deslocou de casa ou do trabalho e veio em busca de emoção. Não há uma multidão, mas milhares de 'cada um'".
PS do Timpin.: Deixo aqui meus efusivos agradecimentos a Flaviane Torres do blog do muido, cuja ajuda foi fundamental para a elaboração desse texto.
Comunidade do Gustavo CDs
Comunidade do Rodolfo CDs
Podem baixar à vontade, que é tudo legal.
originalmente publicado no site Bis
http://musicaoriginalbrasileira.blogspot.com/
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Essa tradição é antiga. Ainda nos anos 90, Chiquinho da Discofran de Viçosa (CE) fazia suas gravações e as lançava em vinil. Com a chegada do CD e o consequente barateamento da gravação e reprodução, a moda pegou. Hoje em dia, praticamente todos os shows são gravados, no que pode ser classificado como institucionalização da pirataria, apesar de muitos não se considerarem pirateiros, mas divulgadores. Tanto que não é preciso pagar nada para a banda, basta um OK do dono da casa de shows e dos artistas.
Enquanto um Biquini Cavadão leva uma carreira inteira para lançar um disco ao vivo repleto de equívocos, os Aviões do Forró têm mais de duzentos "ao vivos" para download em sua comunidade no Orkut, todos relevantes, pois raramente o grupo repete músicas em seus shows. E a qualidade das gravações é surpreendente. Segundo Rodolfo Cezar, de Fortaleza, ela não depende apenas de quem grava. "Digo isso por experiência própria. O som da festa influi muito." Mas na grande maioria dos casos, a relação custo-benefício é satisfatória.
Como esse mercado está em plena ascensão, foi criada a Associação dos Gravadores, que exige um mínimo de dois anos de experiência e comprovação da qualidade das gravações. Gustavo Parente, de Salgueiro, Pernambuco, explica a importância da criação desse orgão. "O esquema foi criado a partir de uma discussão na comunidade 'Rede Forrozão N.1'. Com o gigantesco aumento das pessoas que se dizem gravadoras, os 'fulanos cds' que trabalham com profissionalismo se sentiram prejudicados por essa máfia nascida no Orkut. Sem um pingo de noção de áudio, esses caras se humilham só para ganharem alguns alôs durante o show e se acharem 'os estourados'." De acordo com a Associação, se o gravador for cadastrado, a qualidade é garantida.
Com a chegada do Orkut e a consolidação das redes sociais no Brasil, a distribuição das gravações deu um salto enorme. Os gravadores têm suas próprias comunidades, onde são tratados como autênticas celebridades, com direito a fãs e admiradores. A maioria dos gravadores da nova geração começou a trabalhar com isso em busca de fama, para ouvirem seus nomes nos shows e conquistar o prestígio dos amigos, para depois se profissionalizarem.
Convém frisar que esse hábito ainda está circunscrito ao norte do país. Quando artistas do sul vão se apresentar lá, não costumam permitir as gravações, com o velha e batido argumento da quebra de direitos autorais. Além de não evitar a pirataria, essa atitude burra impede os fãs de desfrutarem de performances únicas, que costumam ser feitas em momentos de especial inspiração.
Além da vantagem óbvia de usar a pirataria como divulgação, as bandas saem ganhando também na questão do teste de repertório. Todo artista sabe que no primeiro disco a escolha das músicas costuma ser mais fácil, porque a banda vem de um intenso período de shows e já sabe de antemão as músicas preferidas do público. A chamada "síndrome do segundo disco", que muitas bandas de rock enfrentam, deriva dessa deficiência do teste ao vivo.
Ao disponibilizarem seus shows em CDs que são vendidos logo após a apresentação, o teste do repertório ao vivo continua vai além do show. E ainda há o efeito multiplicador de que, além da pessoa que adquiriu a cópia, outras pessoas ouvirão as músicas e banda ganha um feedback perfeito. Tão perfeito que ao entrar no estúdio para gravar o próximo disco oficial, já sabe qual o setlist preferido pelos fãs.
No final todo mundo sai ganhando. Artista, vendedor de CD e público. É o tipo da coisa que dá certo quando se tem uma atitude pragmática e respeito mútuo entre produtor e consumidor, pois no final das contas, são pessoas lidando com pessoas. É como Victor, da dupla Victor & Leo, afirmou em entrevista recente: "Não enxergamos fãs, enxergamos pessoas e cada pessoa tem sua história de vida, suas vitórias, seus traumas, suas virtudes. Quando estamos diante de uma multidão, sabemos que cada pessoa ali pagou um ingresso para nos assistir, se deslocou de casa ou do trabalho e veio em busca de emoção. Não há uma multidão, mas milhares de 'cada um'".
PS do Timpin.: Deixo aqui meus efusivos agradecimentos a Flaviane Torres do blog do muido, cuja ajuda foi fundamental para a elaboração desse texto.
Comunidade do Gustavo CDs
Comunidade do Rodolfo CDs
Podem baixar à vontade, que é tudo legal.
originalmente publicado no site Bis
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Saturday, May 02, 2009
Tem socialite no funk
por Melina Dalboni
A mais nova funkeira do Rio não vem dos morros. Cunhada de João Gilberto e filha do conhecido dentista Olympio Faissol, a cantora Heloísa Faissol anda fazendo sucesso no Youtube com a música "Dou pra cachorro". Aos 38 anos, depois de ter sido estilista, acrobata, atriz, pintora e bailarina, a socialite resolveu cantar funk safadinho, chocando a família e o high society.
- Estou sem falar com minha família desde o ano passado. Tenho um irmão diplomata que está achando que eu estou doente - conta, às gargalhadas.
Heloísa vem sendo chamada de a nova Narcisa Tamborindeguy, de quem ela até admira a "autenticidade", mas acha que falta pé no chão. O outro apelido é Heloísa Quebra-Mansão.
Mas, por que agora a música? Por causa do Chico Buarque, ela exclama. Na tentativa de conquistá-lo, Heloísa escreveu textos, cartas, poemas, músicas e pintou quadros. Sua última cartada foi arriscar um rap: "Miau, miau, miau, pode até fazer au-au, pois só vou me sossegar quando eu te conquistar".
- Quando conheci o Chico, eu o admirei muito. Além de ser um grande artista, ele é ótimo pai, respeita a ex-mulher, é encantador, ético, ajuda outros artistas, ajuda os pobres, daí fiquei meio obcecada por ele. Tive até que fazer terapia porque minha vida parou - conta.
Admiradora de Preta Gil, Rita Lee e Carla Bruni, a funkeira que só tem "Dou pra cachorro" atualmente no repertório, atrai críticas. O DJ Marlboro disse que entende "quando os meninos da comunidade lançam músicas pornográficas, apesar de não concordar", mas uma patricinha ele não aceita porque "é muita queimação de filme para o funk". Por outro lado, Heloísa recebe o apoio de Tati Quebra-Barraco, com quem pensa em gravar.
- Por causa dessa música, ficam falando que eu sou burra. Mas deixa pra lá, um dia eu vou mostrar minhas outras letras, que falam de política, amor, crise, drogas - diz, enquanto fuma um... Marlboro.
Ela gostaria de gravar um CD e se apresentar no Via Show:
- Com a música, eu me encontrei. Não tenho dinheiro para fazer um CD agora, mas não vou desistir, mesmo sem o apoio da família.
Seu filho, João Artur, de 12 anos, entende o trabalho, ela diz.
Desde que começou a cantar seu primeiro e por enquanto único funk (Versão original: "Tô fervendo, tô no ponto, eu dou no primeiro encontro/ Se você for tarado, vem que eu gosto do babado"), as relações com a família estremeceram:
- Minha mãe mandou um recado de que me perdoou. Mas, de quê? Eu não matei, não roubei, não traí, não menti, mas eles não compreendem meu trabalho. Meu pai é um que vem com um discurso moralista.
João Gilberto, pai de sua afilhada Luisa Carolina - filha de sua irmã, Cláudia Faissol - também parece não aprovar.
- Soube que ele disse "A Lolozinha está muito doente. Precisa ser tratada". Ficou horrorizado - conta - Mas o João é um amor.
A carioca, que agora frequenta o Morro da Babilônia, no Leme, quer distância das "festas chatas" e dos "papos fúteis".
- O high society é falso. As pessoas mais simples falam na lata: "O cara transava mal pra caramba, parecia uma britadeira". As socialites dizem, com um sorrisinho: "Ai, ele é um amor". Às vezes, nem transam, nem gozam, mas têm que representar aquele personagem lady.
Depois de ser chamada de "Helouca" pelos antigos amigos, ela decidiu só andar com artistas e a turma da comunidade.
Formada pela Escola Suíço-Brasileira, em Santa Teresa, Heloísa estudou com Letícia e Tonico Monteiro de Carvalho, Marisa e Maria Rita Magalhães Pinto e Jaqueline De Botton. Aos 17 anos, foi morar em Paris, onde se formou em moda pela Esmod. Quando voltou ao Rio, resolveu abrir um ateliê, que durou pouco mais de um ano. Então estudou marketing, acrobacia, circo, pintura e namorou Duda Lacerda Soares, Andy Lundgren, João Pellegrino e o editor Charles Cosac.
Hoje, apesar de cantar para quem quiser ouvir que dá pra cachorro, conta que "está na seca".
- Eu adoraria estar dando pra cachorro porque quem dá pra cachorro deve estar feliz. Mas eu sou muito romântica. Escrevi essa letra inspirada numa amiga que estava dando mole para todos os homens num bar, e no Nietzsche, meu cachorro, que ficava trepando na perna de todo mundo que ia lá em casa.
A música que toca nas rádios é uma versão mais light da que roda na internet. Os DJs acharam o funk pesado demais e pediram uma letra mais leve.
- A maioria das pessoas para quem eu mostro a música cai na gargalhada. É quase uma coisa infantil, é lúdica, debochada.
Heloísa tem na gaveta o "Funk da galinha": "Cócórócócó, vem, me roça o fiofó/ Cócórócócó, te dou mole, dou sem dó".
Resta saber se as rádios vão pedir uma versão mais leve...
fonte: O Globo
http://musicaoriginalbrasileira.blogspot.com/
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A mais nova funkeira do Rio não vem dos morros. Cunhada de João Gilberto e filha do conhecido dentista Olympio Faissol, a cantora Heloísa Faissol anda fazendo sucesso no Youtube com a música "Dou pra cachorro". Aos 38 anos, depois de ter sido estilista, acrobata, atriz, pintora e bailarina, a socialite resolveu cantar funk safadinho, chocando a família e o high society.
- Estou sem falar com minha família desde o ano passado. Tenho um irmão diplomata que está achando que eu estou doente - conta, às gargalhadas.
Heloísa vem sendo chamada de a nova Narcisa Tamborindeguy, de quem ela até admira a "autenticidade", mas acha que falta pé no chão. O outro apelido é Heloísa Quebra-Mansão.
Mas, por que agora a música? Por causa do Chico Buarque, ela exclama. Na tentativa de conquistá-lo, Heloísa escreveu textos, cartas, poemas, músicas e pintou quadros. Sua última cartada foi arriscar um rap: "Miau, miau, miau, pode até fazer au-au, pois só vou me sossegar quando eu te conquistar".
- Quando conheci o Chico, eu o admirei muito. Além de ser um grande artista, ele é ótimo pai, respeita a ex-mulher, é encantador, ético, ajuda outros artistas, ajuda os pobres, daí fiquei meio obcecada por ele. Tive até que fazer terapia porque minha vida parou - conta.
Admiradora de Preta Gil, Rita Lee e Carla Bruni, a funkeira que só tem "Dou pra cachorro" atualmente no repertório, atrai críticas. O DJ Marlboro disse que entende "quando os meninos da comunidade lançam músicas pornográficas, apesar de não concordar", mas uma patricinha ele não aceita porque "é muita queimação de filme para o funk". Por outro lado, Heloísa recebe o apoio de Tati Quebra-Barraco, com quem pensa em gravar.
- Por causa dessa música, ficam falando que eu sou burra. Mas deixa pra lá, um dia eu vou mostrar minhas outras letras, que falam de política, amor, crise, drogas - diz, enquanto fuma um... Marlboro.
Ela gostaria de gravar um CD e se apresentar no Via Show:
- Com a música, eu me encontrei. Não tenho dinheiro para fazer um CD agora, mas não vou desistir, mesmo sem o apoio da família.
Seu filho, João Artur, de 12 anos, entende o trabalho, ela diz.
Desde que começou a cantar seu primeiro e por enquanto único funk (Versão original: "Tô fervendo, tô no ponto, eu dou no primeiro encontro/ Se você for tarado, vem que eu gosto do babado"), as relações com a família estremeceram:
- Minha mãe mandou um recado de que me perdoou. Mas, de quê? Eu não matei, não roubei, não traí, não menti, mas eles não compreendem meu trabalho. Meu pai é um que vem com um discurso moralista.
João Gilberto, pai de sua afilhada Luisa Carolina - filha de sua irmã, Cláudia Faissol - também parece não aprovar.
- Soube que ele disse "A Lolozinha está muito doente. Precisa ser tratada". Ficou horrorizado - conta - Mas o João é um amor.
A carioca, que agora frequenta o Morro da Babilônia, no Leme, quer distância das "festas chatas" e dos "papos fúteis".
- O high society é falso. As pessoas mais simples falam na lata: "O cara transava mal pra caramba, parecia uma britadeira". As socialites dizem, com um sorrisinho: "Ai, ele é um amor". Às vezes, nem transam, nem gozam, mas têm que representar aquele personagem lady.
Depois de ser chamada de "Helouca" pelos antigos amigos, ela decidiu só andar com artistas e a turma da comunidade.
Formada pela Escola Suíço-Brasileira, em Santa Teresa, Heloísa estudou com Letícia e Tonico Monteiro de Carvalho, Marisa e Maria Rita Magalhães Pinto e Jaqueline De Botton. Aos 17 anos, foi morar em Paris, onde se formou em moda pela Esmod. Quando voltou ao Rio, resolveu abrir um ateliê, que durou pouco mais de um ano. Então estudou marketing, acrobacia, circo, pintura e namorou Duda Lacerda Soares, Andy Lundgren, João Pellegrino e o editor Charles Cosac.
Hoje, apesar de cantar para quem quiser ouvir que dá pra cachorro, conta que "está na seca".
- Eu adoraria estar dando pra cachorro porque quem dá pra cachorro deve estar feliz. Mas eu sou muito romântica. Escrevi essa letra inspirada numa amiga que estava dando mole para todos os homens num bar, e no Nietzsche, meu cachorro, que ficava trepando na perna de todo mundo que ia lá em casa.
A música que toca nas rádios é uma versão mais light da que roda na internet. Os DJs acharam o funk pesado demais e pediram uma letra mais leve.
- A maioria das pessoas para quem eu mostro a música cai na gargalhada. É quase uma coisa infantil, é lúdica, debochada.
Heloísa tem na gaveta o "Funk da galinha": "Cócórócócó, vem, me roça o fiofó/ Cócórócócó, te dou mole, dou sem dó".
Resta saber se as rádios vão pedir uma versão mais leve...
fonte: O Globo
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